Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Psico Coisas

Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

Psico Coisas

Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

18 de Outubro, 2019

Solteira depois dos 30

D.M.

"Ai meu deus, que tens 34 anos e ainda estás solteira!" - Muitos não o dizem, mas pensam, que eu sei.

 

Todos os meus amigos e colegas estão casados e com filhos - ou prestes a tê-los, ou a pensar em tê-los. E aqui moi-même continua solteira sem qualquer pretensão de seguir o mesmo percurso que eles. A primeira sensação é de que estamos a ficar para trás. Parece que os outros estão a seguir as suas vidas, a alcançar determinados patamares a que nós, solteiros, não estamos a chegar. O que se passa comigo? O que será que estou a fazer mal? Inevitavelmente, é isto que pensamos de quando em vez, porque se criou este mito de que temos de ser, de fazer ou de ter determinadas coisas para sermos considerados membros íntegros da sociedade e com sucesso pessoal e profissional demonstrado e certificado.

 

Tretas.

 

Tal como não há nada de errado em casar, ter filhos, comprar casa, etc., também não há nada de errado em não querer ter filhos, não querer casar ou não ter chegado ainda a essa fase aos 30 anos. Ou aos 40. Ou aos 50. Não há nada de errado e chegar aos 30 e ainda não saber o que se quer fazer da vida, ou não ter um emprego estável (vamos não falar da precariedade do emprego jovem e do quão difícil as coisas estão nessa área, sim?!), ou ainda não ter comprado casa, ou de não querer tirar a carta de condução, ou o que quer que seja que a sociedade e os nossos pares nos imponham como "normal".

 

O facto é que nunca fui "normal" na vida. E se durante muitos anos penei por isso, tentando mais ou menos adaptar-me para sentir que pertencia a algum lado, neste momento já não me preocupo com isso. Sou solteira? Sou. Sem problemas. Tenho casa própria? Não. Mas tenho o meu canto. Sou independente? Sou. O meu sucesso é medido por mim mesma, pelas coisas que EU vou conquistando e que sei que me custaram e o quanto trabalhei para elas. Pode ser uma viagem, uma ida a um festival, jantar num sítio que gosto sozinha. Podem ser mudanças de padrões na minha vida, mudanças na forma de pensar, de impor a minha presença no mundo, de me valorizar, fazer notar e respeitar.

 

Ser solteira depois dos 30, por algumas pessoas, é considerado quase uma anomalia, uma ameaça aos que já têm as vidas todas arrumadinhas. Principalmente se formos mulheres, acho que com os homens isso não acontece tanto. Eu sinto que, de alguma forma, em alguns momentos sou posta de parte - não tenho pachorra para falar das receitas da bimby, ou dos detergentes para a roupa, ou de partilhar conversas sobre tarefas domésticas. Não tenho matéria para discutir quando falam das férias com os maridos e os filhos, ou das escapadinhas românticas, ou daquela birra que o filho fez ou do milestone que ele alcançou. Já me senti pior por isto, agora tento perceber que não fazem por mal, cada um fala das suas realidades e aquelas não são as minhas. Há momentos em que me sinto melhor, há momentos em que me sinto pior, até porque às vezes há uma certa condescendência por parte dos outros a olhar para nós como "coitadinhos" e isso deixa-me possuída. Por consequência, ninguém me pergunta como estou. Afinal, não tenho problemas na vida porque estou sozinha, certo?

Errado.

Mas falarei disso noutra altura.

 

Por isso, celebrem o que conquistaram, o que é vosso e o que vocês são. Relaxem, vai tudo correr bem!

6 comentários

Comentar post