Sentimentos confusos em relação aos pais
Numa grande parte do mundo, o dia 12 de Maio é o dia da mãe. Uma vez que acompanho e sigo muitas contas de instagram e blogs/sites anglo-saxónicos (ver as minhas redes sociais ali do lado direito --> ), deparei-me com vários posts sobre a celebração do dia da mãe. A relação que temos com os nossos pais molda-nos para muita coisa na nossa vida, desde a forma como nos relacionamos com os outros, às nossas crenças sobre nós próprios, à forma como encaramos e nos colocamos no mundo. Por vezes a relação com eles pode ser problemática, confusa e muitas vezes acabamos por sentir culpa ou vergonha em relação ao que sentimos. E nisto, guardei este post que achei tão pertinente e passo a traduzir aqui:
"Aqui vai uma palavra de apreciação para aqueles que, como eu, têm pais que os amam mas que são buracos negros de trabalho emocional... Demorei bastante tempo a perceber que podemos ter sentimentos contraditórios em relação aos nossos pais, sobre a relação que temos com eles.
Às vezes, os pais podem amar-te e serem ao mesmo tempo tóxicos para ti e para o teu crescimento, e isso é uma verdade dura a que se chega se, como eu, cresceste com uma relação bastante próxima com eles.
Às vezes, os pais podem amar-te genuinamente, mas pode faltar-lhes maturidade emocional, forçando-te a desempenhar uma quantidade desproporcional de trabalho emocional. Alguns pais manifestam sintomas das suas próprias doenças mentais que é prejudicial e tóxica para a tua própria saúde mental.
Alguns pais, como os meus, tentam tanto ser bons pais, mas acabam por ceder a hábitos de manipulação emocional porque eles próprios não processaram os seus traumas e acabam por perpetuar os modelos de comportamentos com que cresceram. Isso não faz com que os seus comportamentos sejam aceitáveis, e têm o direito de se sentirem exaustos ou magoados quando eles vos traem. Não têm que perdoar todos os seus erros.
Quero que saibam que não há problema em protegerem-se, em precisar de algum tempo afastados deles. O amor que têm pelos vossos pais continua a ser válido e estão a tomar a decisão certa.
Colocar uma distância segura entre mim própria e os meus pais tem sido um dos processos mais difíceis e desoladores pelos quais já passei... Dói tentar refrear a força da tua empatia natural em relação às pessoas que amas. Parece desonesto para o estado natural do coração.
Mas prometo-vos, não estão a ser insensíveis ou ingratos, nem estão a abandoná-los. Estão a tomar uma decisão em relação à vossa saúde emocional, mental e espiritual.
Sei o que é estar nessa área cinzenta e confusa do amor misturado com culpa e ansiedade, de exaustão e quase manipulação, e de trabalho emocional que não é recíproco, mas prometo-vos, não estão sozinhos."
Se isto ressoa dentro de vocês, como podem ver, não estão sozinhos! E não têm de sentir vergonha em relação ao que sentem. Tudo tem uma razão de ser, não aparece por acaso, e a relação que temos com a nossa família pode ser ambígua, confusa, cheia de sentimentos contraditórios. Eu própria os tenho! Se cresceram com pais ou com um dos vossos pais que foi emocionalmente ausente, mas que, ainda assim, vos ama de todo o coração; se eles passaram por traumas não resolvidos ou têm, eles próprios, alguma doença mental; se nunca vos faltou nada na saúde, educação, bens materiais, mas não tiveram o suporte emocional que precisaram; se nunca foram mal-tratados, abandonados, mas ainda assim foram sentem que foram emocionalmente manipulados ou negligenciados - este post é para vocês. O que sentem é real e válido. Podem amar os vossos pais e sentirem-se assim com toda a razão do mundo! Como uma vez ouvi num podcast:
"Os teus pais não eram monstros, não eram pessoas más, mas falharam-te."
(The Mental Illness Happy Hour Podcast - Ep. 280 "My Parents Failed Me")