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14 de Outubro, 2019

Das relações humanas e de estar sozinha

D.M.

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No sítio onde trabalho tenho apenas uma colega que trabalha comigo. Antes de entrar para lá já éramos amigas e o facto de passarmos a trabalhar juntas foi óptimo: ajudávamo-nos mutuamente, o ambiente era mais leve, descontraído, cuidávamos das ansiedades uma da outra, motivávamo-nos mutuamente, partilhámos momentos muito bons que nos fizeram crescer.

 

Até há uns meses.

 

Houve uma quebra. Passou a haver uma frieza, distanciamento e até desprezo da parte dela, sem eu saber porquê. Mesmo depois de a confrontar (que é coisa que odeio fazer) e de ela me dizer o que se passava e eu ter pedido desculpas (mais para amenizar a situação do que por achar que tinha feito alguma coisa má), o tratamento continua igual. Sou mais uma colega do que amiga, toda a nossa comunicação é estritamente nesse sentido. Se me sinto triste com a situação? Claro. Afinal, julgava-a minha amiga. Mas com isto também aprendi muito.

 

Sinto-me mais independente e liberada. Empoderada. Não espero nada dela e, por isso, não me desiludo. Sinto-me confiante e sem culpa, porque sei que não errei. Se me sinto sozinha? Claro que sim. Mas não vou mendigar por migalhas, migalhas essas que a outra pessoa nem está disposta a dar. Mereço mais do que migalhas e vou investir mais em mim porque, ao fim do dia, é somente com essa companhia com que posso contar.

 

Por isso vou experimentar os restaurantes que me apetece - sozinha. 

Vou dar passeios por Lisboa, sem hora de voltar a casa - sozinha.

Vou enfiar-me numa livraria durante horas, perdida no meio dos livros - sozinha.

Vou escrever, vou ouvir música, vou chorar, vou rir, vou dançar em casa - sozinha.

 

E este "sozinha" não é "olhem para mim, coitada, que estou tão solitária...". Sim, às vezes torna-se bastante solitário e às vezes só queria ter alguém à minha espera em casa ao fim do dia, em quem me pudesse encostar, contar o meu dia e que me dissesse "vai correr tudo bem, eu estou aqui". Mas não tenho. E não me vou lamuriar por isso (a não ser nesses momentos, porque uma pessoa não é de ferro e também tem direito!). Vou celebrar tudo aquilo que me faz bem, mesmo sem companhia, porque é assim que me construo. É assim que me valorizo e que me dou importância. É assim que vou mais segura, forte e confiante para novas relações humanas que possam vir. Sem ter de depender de ninguém para aprovação, para validação daquilo que sou, que quero e que gosto. E isto é tão importante. Durante muito tempo estive lá para essa minha amiga, sempre a apoiar, a amparar, a oferecer colo, a querer saber mesmo quando ela não sabia que precisava de falar. Mas isso acabou. E vocês podem pensar "Credo, até parece que ela só tem uma amiga!". Caríssimos, posso dizer, com toda a certeza do mundo, que tenho 3 amigos. E agora passei a dois. O resto são colegas, conhecidos, pessoas com quem me dou super bem e com quem gosto de estar. Mas não são amigos.

 

E com isto quero dizer: nunca se percam. Nunca se esqueçam de quem são. Não se verguem aos gostos e vontades dos outros. Façam mais coisas que gostem sem se importar com o que os outros possam dizer ou pensar. Vivam cada vez mais a vossa verdade. Sem medos. Sem compromissos, a não ser com vocês próprios. Porque esse é o mais importante de todos. 

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