Ansiedade também é...
(imagem daqui)
A maior parte das pessoas pensa em ansiedade como um sentimento que provoca suores nas mãos, coração acelerado, preocupação excessiva, boca seca e sensação de falta de ar. Um descontrolo físico que reflecte uma sensação de descontrolo mental e emocional que tantos de nós tentam esconder para nos protegermos dos outros. E atenção, quando eu falo de ansiedade, nunca falo da ansiedade normal que todas as pessoas sentem em determinados momentos que as deixam desconfortáveis ou nervosas por algum motivo, porque essa ansiedade é natural. Quando falo de ansiedade, quero dizer a ansiedade que nos impede de fazer coisas mundanas, de sermos nós próprios, de permanecermos tranquilos o dia inteiro. Eu não sei o que é isso, porque tenho transtorno de ansiedade generalizada. Eu não sei o que é não estar ansioso. E, para mim, a minha ansiedade vai além dos sintomas descritos acima, porque apesar de estar quase sempre ansiosa, a ansiedade não se manifesta sempre assim.
Ansiedade também é andar irritada por coisa nenhuma. Ansiedade é não conseguir estar em ambientes com muito barulho. Ansiedade é roer as unhas até ter os dedos em ferida. É já ter comido tudo aquilo que me apetece, é ter experimentado todas as novidades até a excepção se tornar rotina. É passar o dia no sofá sem me mexer e sentir alívio quando o dia termina. E quando termina, sentir-me culpada porque podia ter feito mais coisas que queria. Ansiedade é não me conseguir focar para escrever meia dúzia de frases. É ir à cozinha e esquecer-me do que lá ia fazer. É ver séries de enfiada para distrair a minha mente das minhas emoções, nem que seja só por um bocadinho. É já não ter a certeza de nada: de quem sou, do que quero. Ah, não. Esperem. Essa parte é a personalidade borderline. Ou as duas coisas ao mesmo tempo. É viver num rebuliço, ainda que tenha passado 2 meses em casa sem ver ninguém. É estar cansada de não fazer nada. Também é estar cansada de todo e qualquer esforço mínimo. É deitar-me às tantas e dormir até às tantas, acordando sempre cansada. Ou então isso é uma pontinha de depressão. Ou tudo misturado, sei lá. É ter dores nas costas. É estar agitada. É esquecer-me das palavras ou da ideia inicial a meio de uma frase. É preocupar-me obsessivamente ou nem sequer querer saber.
A ansiedade não é só tremer que nem varas verdes, gaguejar e ir 50 vezes à casa de banho num dia. Ansiedade também é inércia. Também é perda de foco. Também é sossegar para que o mundo, cá dentro, pare de rodar.