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Psico Coisas

Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

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18 de Dezembro, 2020

Balanço de 2020

D.M.

Este ano não foi fácil. Foi estranho. Injusto. Transformador. Confuso. De novas rotinas, novos hábitos. De muita ansiedade.

Não andei por aqui nestes meses de pandemia porque a minha vida estagnou, depois deu uma (boa) volta e só agora é que me estou a conseguir orientar. Como podem ver, tenho uma enorme tendência para me isolar até perceber o que se passa no meio do furacão que é a minha mente e só depois de me centrar é que consigo vir à tona para respirar um pouco. Por isso, este post é uma retrospectiva e um balanço deste ano, mas também para vos dar conta do que tem acontecido por aqui.

Este é um primeiro post, sobre a minha vida em geral. Mais tarde, farei um post sobre os melhores do ano, em termos de filmes, séries, filmes, livros e outras coisas. Eu gosto sempre de ler esse tipo de posts, por isso farei um também.

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Este ano foi horroroso por causa da pandemia e tudo o que ela nos trouxe em termos de saúde, de não nos podermos juntar com a família e amigos como fazíamos antes, de não podermos sair e passear como gostamos, de termos obrigatoriamente de nos isolar dos outros. Confesso que, no início, para mim foi óptimo. Eu gosto de estar sozinha e precisava de um descanso de tudo e de todos porque não estava numa fase boa. Para mim, o início da pandemia marcou alguns fins: fim do contrato de bolseira logo no final de Março (fiquei, por isso, sem trabalho), fim do do doutoramento, porque foi quando entreguei a minha tese, fim do meu percurso enquanto estudante da FLUL, uma vez que fiz todo o meu percurso académico lá. Por isso, por um lado não me fez confusão ficar em casa durante a altura do confinamento, porque precisava mesmo de recarregar baterias e de estar longe de toda a gente. Mesmo da família e amigos. 

 

Recomecei a ler por prazer e isso foi das coisas mais importantes para mim. Sempre li bastante, mas com o doutoramento isso passou para 3 ou 4 livros por ano, algo que me frustrava. Com o doutoramento deixei de ter tempo e cabeça para leituras que não fossem relacionadas com a tese, e quando procurava entretenimento escolhia sempre filmes ou séries. Mas com o fim de todas estas coisas, consegui voltar a ler por razer. Voltei, ainda, a jogar Playstation! Sempre adorei jogar, fosse no computador ou numa consola, afinal a malta lá de casa sempre foi aficionada dos jogos. Com tudo isto, comprei uma Playstation 3 em segunda-mão e fui jogando alguns jogos que me divertiram, que me lembraram o quanto gosto de jogar e o quanto perdi nestes anos! Também fui conseguindo alguns trabalhos como tradutora freelancer, o que me permitiu ir segurando o barco durante os meses em que não tinha nada mais estável.

 

Em Julho, defendi a tese e acabei, definitivamente, o meu percurso enquanto estudante. Fiquei livre de algo que me ocupou durante 6 anos e finalmente fechei mais um capítulo da minha vida. Acabei com a nota máxima e não podia sentir-me melhor. Em dois ou três anos que não punha os pés num areal, e este ano foi o ano do meu retorno à praia, no verão. E um retorno sem culpa, sem pensar "devia estar a escrever a tese...", descontraído, preocupada só com o livro que tinha em mãos. O meu verão foi leve, calmo e sereno. O nosso bem-estar emocional e mental é impagável.

 

E eis que, depois de muitas candidaturas (nacionais e estrangeiras), respostas a anúncios de emprego, envio de candidaturas espontâneas, me aparece um trabalho vindo de uma colega investigadora que se lembrou de mim para um cargo de docência na escola onde ela estava a dar aulas, mas de onde teve de sair. E, assim, dou por mim em Setembro a dar aulas numa instituição do Ensino Superior. Não estou a dar aulas de literatura ou cultura, como gostava e como dei enquanto bolseira, mas estou a dar aulas de língua inglesa. Ansiedade? Muita! Principalmente porque isto foi, literalmente, de uma semana para a outra, e porque não tinha qualquer tipo de material preparado para dar aulas de inglês. Ainda por cima de inglês técnico, que não é mesmo a minha praia! Mas descobri que nos adaptamos e se pedirmos ajuda, ela também chega. Houve uma professora de lá que se disponibilizou para me ajudar e dar alguns materiais e isso fez-me sentir mais segura e apoiada. Está a ser uma nova experiência e, quem sabe, um ponto de partida para algo mais no futuro, quando surgir a oportunidade.

 

Como podem ver, apesar da pandemia e de todas as restrições e novas rotinas a que ela obrigou, o meu ano não foi assim tão mau. Em plena pandemia acabei o doutoramento e consegui trabalho na minha área, que é a docência ao nível do ensino superior, dois meses depois de ter defendido a tese. Claro que tudo isto veio acompanhado de instabilidade emocional e mental, afinal a ansiedade subiu, as crises depressivas também, cheguei a ter um ataque de pânico (algo que não tinha há bastante tempo), mas o balanço que faço é positivo. Porque apesar de tudo andei para a frente. Porque apesar de todos os meus botões de alarme terem sido accionados, consegui sair um pouco de mim e perceber que era uma oportunidade que tinha de agarrar e que ia ser boa para mim a todos os níveis. Tinha de lutar mais com a minha mente, tinha de lhe fazer frente, mas que ia ser recompensador no fim. Porque é sempre e eu já sei que este é o meu padrão.

 

Este é o meu balanço de 2020. Pessoalmente, tendo em conta o ano que vivemos, não me posso queixar muito. Não fiquei doente e nenhum membro da minha família e amigos ficou doente, e por isso estou grata. Fechei um capítulo da minha vida e abri outro. Acabei um trabalho de que não gostava e já estava a atingir um ponto limite, para começar uma experiência nova, mais em linha com a minha formação, com os meus objectivos e com aquilo que gosto de fazer, que é ensinar. Num sítio novo, com novas pessoas, completamente "clean slate". Recomecei a ler por prazer. Vi mais séries e filmes. Voltei a jogar Playstation. Voltei a maquilhar-me para o trabalho. E vivo mais a minha verdade, por mais difícil que isso, por vezes, possa ser.

 

E, no topo disto tudo, parece que o meu Sporting vai a algum lado este ano!