O que eu gostava que compreendessem sobre a minha ansiedade
(imagem daqui)
A minha ansiedade não é sobre vocês. Não me inundem com perguntas como "mas o que é que eu fiz de mal?" "mas do que é que tens medo?" "não precisas de estar nervosa comigo". Isto acaba por fazer com que, às tantas, esteja eu a consolar-vos e a esquecer-me de mim, fazendo com que eu me sinta pior.
Não tenho um botão on/off que liga e desliga a ansiedade. Não tenho qualquer controlo sobre isso. Não é uma escolha. Parem de dizer "tem calma" ou "não fiques nervosa". Não vai surtir o efeito que vocês pensam!
Há gatilhos que já conheço e tenho, com antecedência, que preparar essas situações. Mas há situações em que a ansiedade surge só porque sim.
Não têm de fazer nada, a não ser aquilo que vos peço. Não têm de me tratar como um vaso de cristal, como uma flor de estufa. A vossa normalidade ajuda a acalmar-me. Se quiserem, podem ir perguntando se estou bem ou se preciso de alguma coisa. É só isso. Dêem-me espaço e respeitem aquilo que não compreendem.
Se eu cancelar planos, não levem a peito. Eu sei que é difícil, mas se eu não for, não é por causa de vocês, não é uma coisa pessoal. Eu já me vou sentir culpada o suficiente por não conseguir ir - seja a jantares, idas ao café, cinema, festas de aniversário, passeios, and so on. Mas não deixem de me convidar, porque é bom sentir que querem e gostam da minha companhia.
Se tomo medicação é porque preciso, não é porque sou fraca. Por vezes, apesar de todas as técnicas respiratórias e de relaxamento que conheço, elas não chegam e não há nada de mal em tomar medicação para ajudar a desacelerar o cérebro. Não me façam sentir culpada ou envergonhada.
Tendo ansiedade generalizada, eu estou sempre preocupada além do "normal". Todas as situações podem ser gatilhos, desde as mais simples e mundanas, àquelas que mais fogem da minha zona de conforto. Sejam pacientes e tolerantes. Isso vai ajudar-me a sentir confortável convosco e a perceber que vocês serão de confiança no que toca a este tipo de situações.
Sim, eu tenho um transtorno de ansiedade, mas sim, eu também sou mais do que a minha ansiedade. Ao mesmo tempo que preciso da vossa tolerância e compreensão, também preciso que não me tratem de maneira especial. Não preciso que me concertem, só preciso que me apoiem.