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Psico Coisas

Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

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14 de Junho, 2020

O que eu gostava que compreendessem sobre a minha ansiedade

D.M.

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(imagem daqui)

 

A minha ansiedade não é sobre vocês. Não me inundem com perguntas como "mas o que é que eu fiz de mal?" "mas do que é que tens medo?" "não precisas de estar nervosa comigo". Isto acaba por fazer com que, às tantas, esteja eu a consolar-vos e a esquecer-me de mim, fazendo com que eu me sinta pior.

 

Não tenho um botão on/off que liga e desliga a ansiedade. Não tenho qualquer controlo sobre isso. Não é uma escolha. Parem de dizer "tem calma" ou "não fiques nervosa". Não vai surtir o efeito que vocês pensam!

 

Há gatilhos que já conheço e tenho, com antecedência, que preparar essas situações. Mas há situações em que a ansiedade surge só porque sim. 

 

Não têm de fazer nada, a não ser aquilo que vos peço. Não têm de me tratar como um vaso de cristal, como uma flor de estufa. A vossa normalidade ajuda a acalmar-me. Se quiserem, podem ir perguntando se estou bem ou se preciso de alguma coisa. É só isso. Dêem-me espaço e respeitem aquilo que não compreendem.

 

Se eu cancelar planos, não levem a peito. Eu sei que é difícil, mas se eu não for, não é por causa de vocês, não é uma coisa pessoal. Eu já me vou sentir culpada o suficiente por não conseguir ir - seja a jantares, idas ao café, cinema, festas de aniversário, passeios, and so on. Mas não deixem de me convidar, porque é bom sentir que querem e gostam da minha companhia.

 

Se tomo medicação é porque preciso, não é porque sou fraca. Por vezes, apesar de todas as técnicas respiratórias e de relaxamento que conheço, elas não chegam e não há nada de mal em tomar medicação para ajudar a desacelerar o cérebro. Não me façam sentir culpada ou envergonhada.

 

Tendo ansiedade generalizada, eu estou sempre preocupada além do "normal". Todas as situações podem ser gatilhos, desde as mais simples e mundanas, àquelas que mais fogem da minha zona de conforto. Sejam pacientes e tolerantes. Isso vai ajudar-me a sentir confortável convosco e a perceber que vocês serão de confiança no que toca a este tipo de situações.

 

Sim, eu tenho um transtorno de ansiedade, mas sim, eu também sou mais do que a minha ansiedade. Ao mesmo tempo que preciso da vossa tolerância e compreensão, também preciso que não me tratem de maneira especial. Não preciso que me concertem, só preciso que me apoiem.

06 de Junho, 2020

Ansiedade também é...

D.M.

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(imagem daqui)

 

A maior parte das pessoas pensa em ansiedade como um sentimento que provoca suores nas mãos, coração acelerado, preocupação excessiva, boca seca e sensação de falta de ar. Um descontrolo físico que reflecte uma sensação de descontrolo mental e emocional que tantos de nós tentam esconder para nos protegermos dos outros. E atenção, quando eu falo de ansiedade, nunca falo da ansiedade normal que todas as pessoas sentem em determinados momentos que as deixam desconfortáveis ou nervosas por algum motivo, porque essa ansiedade é natural. Quando falo de ansiedade, quero dizer a ansiedade que nos impede de fazer coisas mundanas, de sermos nós próprios, de permanecermos tranquilos o dia inteiro. Eu não sei o que é isso, porque tenho transtorno de ansiedade generalizada. Eu não sei o que é não estar ansioso. E, para mim, a minha ansiedade vai além dos sintomas descritos acima, porque apesar de estar quase sempre ansiosa, a ansiedade não se manifesta sempre assim.

 

Ansiedade também é andar irritada por coisa nenhuma. Ansiedade é não conseguir estar em ambientes com muito barulho. Ansiedade é roer as unhas até ter os dedos em ferida. É já ter comido tudo aquilo que me apetece, é ter experimentado todas as novidades até a excepção se tornar rotina. É passar o dia no sofá sem me mexer e sentir alívio quando o dia termina. E quando termina, sentir-me culpada porque podia ter feito mais coisas que queria. Ansiedade é não me conseguir focar para escrever meia dúzia de frases. É ir à cozinha e esquecer-me do que lá ia fazer. É ver séries de enfiada para distrair a minha mente das minhas emoções, nem que seja só por um bocadinho. É já não ter a certeza de nada: de quem sou, do que quero. Ah, não. Esperem. Essa parte é a personalidade borderline. Ou as duas coisas ao mesmo tempo. É viver num rebuliço, ainda que tenha passado 2 meses em casa sem ver ninguém. É estar cansada de não fazer nada. Também é estar cansada de todo e qualquer esforço mínimo. É deitar-me às tantas e dormir até às tantas, acordando sempre cansada. Ou então isso é uma pontinha de depressão. Ou tudo misturado, sei lá. É ter dores nas costas. É estar agitada. É esquecer-me das palavras ou da ideia inicial a meio de uma frase. É preocupar-me obsessivamente ou nem sequer querer saber.

 

A ansiedade não é só tremer que nem varas verdes, gaguejar e ir 50 vezes à casa de banho num dia. Ansiedade também é inércia. Também é perda de foco. Também é sossegar para que o mundo, cá dentro, pare de rodar.

03 de Junho, 2020

Updates - Maizómenos

D.M.

Olá a todos!

 

As coisas não têm sido fáceis, por estes lados, e não tenho tido vontade para vir escrever. De vez em quando tenho umas ideias, aponto, surgem-me umas frases, uns temas interessantes, mas depois os meus neurónios não me deixam desenvolver muito para além de meia dúzia de frases. Só que eu sei que tenho de sair deste marasmo. Não sei como, mas tenho. Por isso, vou tentar escrever pelo menos um post por semana, do tipo crónica, a ver se desencalho criativamente.

 

Nestes tempos tenho lido, tenho visto séries (valha-me Shameless!) e tenho praticado muito a técnica da batata de sofá. Que é basicamente ficar o dia inteiro no sofá sem fazer nada - como uma batata - à medida que vou engordando uns quilitos. Vou ganhando uns trocos que dá para os mínimos, sendo que os meus pais me estão a ajudar, e vou mais sobrevivendo do que vivendo.

 

Vamos ver o que o futuro me reserva, porque por enquanto, nada está risonho na minha vida.