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Psico Coisas

Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

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Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

27 de Abril, 2020

Estou viva - Nada temam!

D.M.

Olá malta!

Estive desaparecida, mas está tudo bem. Precisava de uma pausa, não me apetecia escrever no blog nem em lado nenhum, e muito menos gravar o podcast. Apetece-me só passar o dia todo em posição fetal debaixo de uma manta até isto tudo passar. Estou farta de estar em casa, de não ver pessoas, de não poder ir a lado nenhum. Tenho saudades da minha família, de andar na rua à vontade, de ir a uma livraria, de comer fora, de passear à vontade. Porque há uma diferença entre ficar em casa por livre e espontânea vontade, porque nos apetece, e ter de ficar em casa por obrigação. Por isso vou desacelerar um pouco aqui no blog também e o podcast vai ficar em stand-by. Lamento. Mas por agora vai ser assim.

 

Há situações e relações pessoais que ficaram pendentes, e só consigo pensar em cenários hipotéticos, realistas ou não, quase obsessivamente. Tenho de preparar a defesa da minha tese, mas já estou tão farta daquilo que nem quero saber. Acho que fiquei tão saturada do mundo académico, que agora sou alérgica. Mas é só um passo que falta, por isso tenho de o fazer. Estou pronta para avançar para outras coisas, mas ainda estou presa. Estes tempos são muito estranhos e estamos todos a fazer o melhor que podemos para nos adaptar. Mas às vezes é difícil. Há dias em que sabe bem passar o dia a ler, e há dias em que só queria sair de casa.

 

Espero que desse lado esteja tudo bem com vocês. 

17 de Abril, 2020

Livros sobre Saúde Mental

D.M.

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Não sei se já disse por aqui, mas eu adoro ler. Sou uma leitora ávida que está agora a tirar a barriga de misérias, depois de praticamente seis anos de doutoramento sem conseguir ler nada de jeito, fora do âmbito da tese. E, como tal, achei que seria engraçado colocar aqui uma lista de livros que eu conheço, que já li ou que quero ler, que abordem o tema da saúde mental. Quiçá, desperto o interesse em alguns de vocês para pegarem em livros destes, seja qual for a vossa motivação.

Estão divididos em livros de ficção e não-ficção, sendo que estes últimos encaixam na área das memórias e/ou autobiografias. Os que ainda não li, farei reviews no blog depois de os ler e adicionarei aqui o link respectivo. Os que li estão marcados com um "visto". 

Se tiverem alguma sugestão, digam nos comentários!

 

Ficção

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The Bell Jar , de Sylvia Plath - Um dos meus favoritos da vida. Está traduzido para português (A Campânula de Vidro)

Little Life, de Hanya Yanagihara

Wintergirls, de Laurie Halse Anderson - Está traduzido para português (Corações Gelados)

The Virgin Suicides, de Jeffrey Eugenides - Está traduzido para português (As Virgens Suicidas)

Girl in Pieces, de Kathleen Glasgow

 

Não-Ficção

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Girl, Interrupted, de Susanna Kaysen

Reasons to Stay Alive, de Matt Haig - Está traduzido para português (Razões para Viver)

The Buddha and the Borderline, de Kiera van Gelder

Marbles, de Ellen Forney 

Darkness Visible, de William Styron - Está traduzido para português (Escuridão Visível)

Loud in the House of Myself, de Stacy Pershall

This is Not the End: Conversations on Borderline Personality Disorder, de Tabetha Martin

 

15 de Abril, 2020

Episódio #4 - Não está tudo na nossa mente: Está no nosso cérebro também!

D.M.

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Olá malta! Hoje é dia de podcast e, por isso, trago-vos mais um episódio. Desta feita, sobre as chamadas "hormonas da felicidade": a serotonina, a dopamina, a ocitocina e a endorfina. Porque apesar de muitas das doenças mentais serem desencadeadas por factores externos a nós, como traumas, há mudanças na química dos nossos cérebros que influenciam os nossos comportamentos e emoções. 

 

O podcast está disponível também nas seguintes plataformas:

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13 de Abril, 2020

Porque nos sentimos mais em baixo ao fim do dia?

D.M.

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Quantos de vocês sentem os vossos sintomas piorarem quando se aproxima o fim do dia? Sentem-se mais ansiosos, mais deprimidos e deixam que tudo aquilo que ficou pendente durante o dia vos assalte, de repente, quando chegam a casa depois de um longo dia de trabalho? Eu sou uma dessas pessoas. Normalmente a minha ansiedade está mais elevada de manhã, quando me levanto, mas fico muito mais deprimida com o aproximar da noite, e o período entre as 17h e as 20h é um bocado crítico. Mas porque é que isto acontece? Simples. É quando os níveis de serotonina começam a baixar no nosso corpo.

 

E o que é a Serotonina?

 

A serotonina é um neurotransmissor que actua no cérebro e, por isso, estabelece a comunicação entre a células nervosas, sendo também encontrada no sistema gastrointestinal e nas plaquetas do sangue. Acredita-se que a serotonina representa um papel vital no sistema nervoso central, regulando a agressividade, a temperatura corporal, o humor, o sono e o apetite. Quando existe uma baixa concentração de serotonina, as pessoas podem sentir desânimo, cansaço, falta de apetite, dificuldade em dormir, mau humor e tristeza. Já estão a ver onde vamos chegar, certo?

 

A baixa concentração de serotonina está directamente relacionada com a depressão, causando não só sintomas emocionais/mentais, mas físicos também, que nós tão bem conhecemos. A serotonina é responsável por actuar nos movimentos do intestino e, quando há uma definicência desta hormona, os intestinos não funcionam tão bem. Como alguém que sofre com problemas intestinais desde pequena, com o tempo fiquei ainda mais consciente desta ligação entre os meus intestinos e os meus estados emocionais. Mais ansiosa, significa horas na casa-de-banho com diarreia (oh meu deus, vamos falar de cócó!), mais deprimida significa não fazer nada durante alguns dias ou ter dificuldade em fazê-lo. Esta hormona também regula o sono e, por isso, quem tem depressão ou ansiedade tem mais dificuldade em adormecer ou em dormir 8h seguidas. Eu tive insónias durante anos, sempre demorei horas para adormecer, independentemente de estar muito ou pouco cansada, e nunca dormi 8h seguidas. Hoje só consigo fazê-lo com ajuda da medicação. E a acrescentar a isto, a serotonina regula o nosso humor, sendo conhecida como uma das hormonas da felicidade (as outras são a dopamina, ocitocina e endorfina. Falarei delas no podcast!), por isso é que quando há níveis baixos de serotonina, as pessoas ficam mais propensas a terem ansiedade ou depressão.

 

E é precisamente ao fim da tarde que os níveis de serotonina no nosso corpo baixam, uma vez que ele se está a preparar para abrandar durante a noite, antes de dormirmos. E é por isso que nos sentimos mais em baixo nesta altura do dia, porque se já temos os níveis de serotonina baixos, nesta altura ainda baixam mais. Há várias coisas que se pode fazer para ajudar a aumentar esses níveis de serotonina, como por exemplo, apanhar sol durante o dia (mas usem protector solar, por favor!), e consumir alguns alimentos como chocolate negro, ovos, bananas, tomate, leite e derivados, fazer meditação, . Em casos mais graves, para quem sofre de transtornos de ansiedade e/ou depressão, os medicamentos ISRS (Inibidores Selectivos de Recaptação de Serotonina) são os mais indicados para equilibrar os níves de serotonina. É o que eu tomo.

 

O fim do dia, para mim, é a melhor e a pior altura do dia. Por um lado, acabou-se mais um dia de trabalho, posso regressar a casa, descansar, vestir o pijama e ver televisão ou ler um livro. Por outro lado, há dias em que essa quebra é tão grande que só consigo fazer de batata no sofá até ser horas de ir dormir. E quando chego à cama, é sempre difícil adormecer, ando às voltas na cama. No dia a seguir, quando acordo, acordo quase sempre cansada, como se não tivesse recuperado do dia anterior. Também é ao fim do dia que tenho maior tendência em comer porcarias, especialmente alimentos com açúcar. Falo de bolos, chocolates, mas também de massas, afinal são ricas em açúcares refinados. Tudo isto acaba por estar ligado a esta quebra de serotonina no corpo, que acaba por estar mais acentuada em nós. Também é a altura em que me sinto mais irritada, com menos energia, mais sozinha, e mais propensa em entrar em espirais descendentes e catastróficas.

 

Para quem sofre de depressão, estes sintomas verificam-se durante todo o dia, todos os dias. Por isso é que a depressão é um problema mental, emocional, mas também físico, porque existem alterações biológicas que influenciam a nossa mente e vice-versa, acabando por ficarmos presos num ciclo vicioso. E é por isso também que há que procurar ajuda médica. Porque umas corridas ao sol, uma hora de meditação e uma alimentação equilibrada, simplesmente, às vezes, não chega e há que chegar à via dos medicamentos. E não há nada de errado em tomar medicação! Não se julga um diabético por tomar insulina todos os dias, porque raio se julga alguém por tomar um medicamento que ajuda a equilibrar os níveis químicos do cérebro? Não é sinal de fraqueza ou incapacidade. É um problema de saúde sério e grave, com consequências a todos os níveis e, como qualquer outro, tem de ser tratado.

 

Espero que tenham gostado desta explicação e que, eventualmente, ajude a explicar o porquê de se sentirem piores ao fim do dia. 

10 de Abril, 2020

A Diferença entre Personalidade Borderline e Transtorno Bipolar

D.M.

Por vezes há bastante confusão entre o que é o Transtorno Bipolar e a Personalidade Borderline. Por isso, resolvi fazer um infográfico onde coloco lado a lado algumas das principais diferenças entre as duas. Muitas vezes, há quem seja Borderline, mas que acaba por ser diagnosticado como Bipolar, precisamente porque há sintomas semelhantes. No entanto, são coisas diferentes e, por isso, deixo-vos este infográfico para poderem estar conscientes das diferenças entre ambas.

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08 de Abril, 2020

Episódio #3 - A Quarentena e a Personalidade Borderline

D.M.

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Olá malta! Prontos para mais um episódio do podcast "Isso é tudo Psicológico"?

Como conto no episódio, eu gravei este episódio no fim de semana, mas só hoje percebi que, afinal... Não ficou gravado. Mas hoje regravei-o e aqui está! Um bocadinho mais tarde do que o costume, mas está 

 

Decidi dedicar esta semana ao Transtorno Personalidade Borderline e, por isso, hoje falo-vos de que forma esta quarentena e este período de isolamento social está a afectar alguns dos meus sintomas da personalidade borderline. 

 

06 de Abril, 2020

Os 4 Subtipos do Transtorno de Personalidade Borderline

D.M.

aqui falei sobre o que é o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Mas sabiam que existem subtipos dentro do TPB? Tal como todos os transtornos, há sintomas comuns a todas as pessoas que têm personalidade borderline, mas nem sempre se manifestam da mesma maneira emt odas as pessoas, o que dá origem a estes quatro subtipos do transtorno, que venho hoje dar-vos a conhecer. Sinto que é importante partilhar estas coisas porque, tal como não há duas pessoas iguais, a mesma doença também se pode manifestar de maneiras diferentes. Afinal, somos pessoas com experiências, personalidades, gostos, objectivos diferentes e, por isso, os sintomas também se podem apresentar de maneiras diferentes. Por isso, hoje falo-vos dos quatro subtipos de TPB.

 

Os sintomas principais de alguém com TPB incluem a impulsividade, as mudanças de humor frequentes e extremas, medo do abandono (real ou imaginado), dificuldades de relacionamento, auto-imagem instável e raiva despropositada. Tendo estas características em mente, existem quatro subtipos de TPB que foram, até agora, distinguidas.

 

O Borderline Desencorajado

 

Normalmente, as pessoas que se encaixam neste tipo, são vistas como pessoas passivas e que dependem demasiado de outras pessoas. Os sentimentos de raiva são vividos internamente e são dirigidos a nós próprios, não a outras pessoas e, por isso, os que se encaixam neste tipo são mais propensos a pensamentos suicidas e a actos auto-destrutivos, como auto-mutilação. Aqui parecem ainda mais exacerbados os sentimentos de vazio e de intolerância a estar-se sozinho.

Uma das características mais óbvias é que parecem depender demasiado de outras pessoas para auto-validação, exibindo comportamentos de codependência nos vários relacionamentos ao longo da vida. Pelo ponto de vista de quem está de fora, é isto que parece, que estamos sempre dependentes das opiniões dos outros para vivermos, para tomar as nossas decisões, para fazermos o que nos apetece. Por isso, parecemos sempre indecisos e, na pior das hipóteses, até fracos. Só que estes sentimentos surgem de toda a agitação interna que sentimos a toda a hora e por causa de tudo e mais um par de botas. E, ainda por cima, nós estamos conscientes de tudo isto e é demasiado fácil entrarmos num estado de auto-comiseração, dirigindo para nós próprios todos os sentimentos de frustração e raiva.

 

O Borderline Impulsivo

 

Aqueles que se encaixam neste subtipo são pessoas mais propensas a comportamentos erráticos e impulsivos, oscilando entre serem pessoas carismáticas, enérgicas, sedutoras, e serem frias, hostis e superficiais. Normalmente ficam entediados facilmente e, por isso, procuram emoções fortes através de comportamentos arriscados, muitas vezes querendo ser o centro das atenções. Todos os que sofrem de TPB têm falta de controlo de impulsos de alguma forma, mas nos que encaixam neste subtipo essa falta ainda é mais exagerada. Esta impulsividade também pode ser visível ao enraivecerem-se facilmente e por procurarem, constantemente, actividades excitantes, sem se preocuparem se são seguras ou não.

 

O Borderline Petulante

 

Também conhecido como Borderline Enraivecido, uma vez que aqueles que pertencem a este subtipo têm frequentes episódios de raiva explosiva e incontrolável. Muitas vezes, estas pessoas são descritas como imprevisíveis, impacientes, irritáveis e queixosas, bem como pessimistas, rancorosas, teimosas, e desafiadoras. Podem, também, ser controladores, possessivos, ciumentos e super-protectores. Como uma das características principais de quem tem TPB é o medo do abandono, neste caso as pessoas oscilam entre o medo da rejeição e a sua necessidade de depender dos outros. 

Estas pessoas têm uma enorme dificuldade em expressar os seus sentimentos, sentem-se frequentemente desvalorizados, e exibem características passivo-agressivas. Estas características, normalmente, vêm de uma incapacidade de se conseguirem acalmar e que nunca são desenvolvidas ao longo da vida, desde crianças. E é o medo enorme de se sentirem abandonados e rejeitados que vai exacerbar todas estas acções.

 

O Borderline Auto-Destrutivo

 

Neste subtipo, as pessoas nutrem sentimentos de ódio em relação a si próprios, amargura, o que os leva a terem comportamentos auto-destrutivos. Normalmente são pessoas mal-humoradas e tensas, procuram atenção e o seu comportamento auto-destrutivo pode ser visível em actos como a condução imprudente, o abuso de substâncias e comportamento sexuais arriscados. Todos estes actos podem ser cometidos de forma consciente ou inconsciente, mas revelam sempre uma pobre impressão sobre nós próprios. É frequente, ainda, estas pessoas demonstrarem tendências suicidas, uma auto-imagem muito instável, e acreditam que ninguém quer saber deles sendo que, por isso, eles também não querem saber de mais ninguém.

 

Como podem ver, é bastante complicado não só viver com esta doença, mas também diagnosticá-la e tratá-la, porque muitos destes sintomas também se incluem noutro tipo de perturbações. É, também, complicado para alguém de fora, sentir empatia e compaixão por pessoas que são borderline, porque não há um conhecimento e compreensão deste transtorno que leve as pessoas a perceberem porque é que determinada pessoa está a agir de determinada forma. Sem o contexto da doença e da experiência de vida de alguém, é difícil "aguentar" uma pessoa que está sempre dependente da opinião de alguém, que é demasiado ciumento e controlador, que está sempre deprimido e mal-humorado, ou que se enfurece pela mais pequena coisa.

 

Claro que ter TPB não é uma desculpa para tratar mal os outros. E claro que nem todos os que exibem estes comportamentos são borderline. Mas se houvesse um maior conhecimento sobre o que raio é isto, haveria maior consciência das acções e pensamentos de alguém com TPB, tanto por parte das pessoas que lidam com borderliners, como por parte de quem sofre deste transtorno. Conhecimento, meus caros, é a base de tudo. Se se conhecerem melhor a vocês próprios, melhor conseguem lidar com os outros e reconhecer o porquê dos vossos comportamentos e emoções.

 

Fontes usadas:

The Main Subtypes of Borderline Personality Disorder

Do You Know the 4 Types of Borderline Personality Disorder?

Types of Borderline Personality Disorder

 

(Se quiserem apoiar este projecto e ter acesso exclusivo a mais conteúdo, podem fazê-lo através do Patreon)

03 de Abril, 2020

Coisas "estranhas" que me provocam ansiedade

D.M.

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Nem sempre a ansiedade se manifesta em coisas mais óbvias que fogem à nossa zona de conforto: falar em público, entrevistas de emprego, viagens, mudanças de vida... E a experiência da ansiedade também não é igual para toda a gente. Aquilo que me pode provocar ansiedade, pode não provocar a vocês e vice-versa. Por isso, hoje partilho convosco as coisas menos comuns que são gatilhos de ansiedade, para mim, para mostrar que até as coisas, aparentemente, mais simples podem despoletar ansiedade, dependendo da experiência das pessoas.

 

1. Comida - A comida, por si só, provoca-me ansiedade. Pensar no que tenho de comer, quando tenho de comer, com quem e onde. Comer em sítios que não conheço, com pessoas que não conheço ou com as quais não tenho tanta confiança. Nunca tive nenhum distúrbio alimentar, mas desde pequena que tenho uma enorme consciência da comida porque, como sempre fui magra, tinha a família toda a prestar atenção ao que eu comia: "Não comes mais? Só comes isso? Mas não gostas? Não tens fome? Come lá mais um bocadinho! Vá, tens de comer mais!" Eu era magra porque era da minha constituição, nunca passei fome, nunca tive problemas de saúde, mas as pessoas exerciam uma tal pressão, que eu ficava nervosa só de pensar que ia comer em frente a outras pessoas e, por isso, comia ainda menos. Ainda hoje tenho essa percepção de que as pessoas olham para mim e estão a julgar aquilo que eu como, por isso é algo que me provoca ansiedade. Se for com alguém a um restaurante novo, por exemplo, tenho de saber primeiro o que se come lá, qual é o menu, quem é que vai, se o espaço é grande ou não, para ir o mais preparada possivel, mentalmente, para esse momento e estar relaxada.

 

2. Mudanças de planos ou de rotinas - Gosto muito de rotinas, obrigada. Fazem-me sentir segura e dão-me um sentimento de controlo. E odeio quando, à última hora, há mudanças de planos. Se me dizem que vamos fazer uma coisa ou que vamos a um determinado sítio, agradeço que mantenham os planos! Essas mudanças fazem subir a minha ansiedade, porque deixo de ter controlo sobre aquilo que penso que ia acontecer. Se for antes, ainda tenho algum tempo para ajustar as minhas emoções e pensamentos.

 

3. Fazer e receber chamadas telefónicas - Por favor, digam-me que não sou a única!! Seja para elementos da família, amigos, telefonemas ligadas com o trabalho, quase que tenho de escrever a conversa num papel para não me esquecer do que dizer e para não gaguejar ou engasgar na conversa. Detesto falar ao telefone, mas sei que é necessário. Prefiro muito mais as mensagens, porque tenho mais tempo para pensar nas palavras certas e porque me sinto muito mais confortável a escrever do que a falar. E quando recebo um telefonema, a primeira cposa que penso é "deixem-me em paz, não tenho nada para dizer!". Não gosto mesmo nada de falar ao telefone. Portanto, quando tomo a iniciativa de ligar a alguém, essa pessoa tem de ser muito especial para eu fazer o sacrifício! Heheheh

 

4. Ambientes em que as pessoas falam muito alto - Foram várias as vezes em que tive de sair da cozinha de casa dos meus pais, porque estava tudo a falar alto e ao mesmo tempo. Não consigo, é demasiado para mim. São dmasiados estímulos sonoros que me começam a deixar desconfortável, irritada, ansiosa. Porque uma coisa é estar num café, por exemplo, com muita gente, mas as pessoas falam num timbre normal e o que se ouve é barulho de fundo. Isso não me incomoda. Mas se estiver tudo a falar alto ou aos berros, não consigo estar no mesmo ambiente. Mexe muito com o meu sistema nervoso!

 

5. Escrever e-mails e ver a caixa de e-mails - Desliguei as notificações do e-mail no telemóvel, só vejo o e-mail no computador, e nunca de manhã ao acordar nem ao fim da noite. É a pior coisa que posso fazer, nesse sentido, porque começo a pensar no que tenho de fazer no dia seguinte (caso veja o e-mail à noite), e porque acordo logo stressada a pensar no que tenho de fazer (caso veja o e-mail quando acordo). É ansiedade desnecessária e há tempo para tudo, ninguém vai morrer se eu não responder logo aos e-mails. Por outro lado, escrever e-mails também me dá ansiedade porque estou sempre à procura das palavras certas, leio e releio 50 vezes para me certificar que não há erros, que estou a enviá-lo à pessoa certa, mesmo que o e-mail seja só um "Olá, obrigada. Cumprimentos". Nunca se sabe!

 

6. Confrontos - Mesmo que eu tenha razão, mesmo que aquela discussão seja justificada, mesmo que tenha planeado milhentas vezes oque dizer quando X disser algo, a minha ansiedade vai disparar. Não vou saber o que dizer, vou bloquear, paralisar, a minha confiança vai atingir níveis baixos históricos e vou acabar por me diminuir de tal forma que não vou conseguir dizer nada e ainda vou dar de bandeja à outra pessoa a razão que ela pode nem ter

 

Mais alguém aqui como eu? E que outras coisas "estranhas" vos provocam ansiedade? Por favor, não me digam que sou a única 

01 de Abril, 2020

Episódio #2 - Viver Sozinha

D.M.

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Eis o segundo episódio deste podcast "Isso é tudo Psicológico!"

Neste episódio falo-vos da minha experiência de viver sozinha e de algumas dicas para que isso se torne menos solitário e a adaptação mais fácil.

 

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