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Psico Coisas

Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

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Saúde Mental | Vida de Solteira | Filmes | Livros | Memes | Já disse saúde mental?

30 de Janeiro, 2020

A vulnerabilidade em palco

D.M.

Vocês já viram a performance da Demi nos Grammys? Porra, chorei tanto...

Admiro o tipo de pessoas que se expõem desta maneira, que transformam a sua dor e as suas experiências traumáticas em coisas boas, neste caso música.

 

O tipo de música que a Demi faz não é, de todo, o tipo de música que ouço. Mas esta música tocou-me cá no fundo, principalmente tendo em conta o contexto em que foi escrita. Poucos dias antes dela ter tido uma overdose, no verão de 2018. Lovato é bipolar e tem sido bastante aberta sobre o tema e, apesar de a música dela não ser o tipo que ouço, admiro-a enquanto ser humano.

 

E esta música é forte e mostra bem a solidão por que passamos nós, que sofremos em silêncio porque ninguém nos ouve. 

27 de Janeiro, 2020

Afinal, o que é o Transtorno de Personalidade Borderline?

D.M.

Quem me acompanha aqui já sabe que eu ando de mãos dadas com este transtorno. Mas só há pouco tempo é que reparei que ainda não tenho um post que explica, verdadeiramente, o que isto é. Já aqui coloquei um vídeo muito bom, que exprime muito bem o que é viver com isto, mas ainda não pus, preto no branco, por palavras, o que é isto. Então vamos lá pôr os pontos nos is.

 

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(fonte The Mighty)

 

Em primeiro lugar, é um dos transtornos mentais menos conhecidos, mas associado a um grande estigma. É frequente, também, haver diagnósticos errados até se chegar a este, até porque há sintomas que coexistem com outro tipo de transtornos, como a depressão, o stress pós-traumático, e o transtorno bipolar. Por este motivo, o diagnóstico chega só na fase adulta, até porque aquilo que parecem sinais e sintomas de personalidade borderline podem ser apenas fases naturais do crescimento do ser humano durante a infância e a adolescência - vamos não falar da adolescência, em que todas as emoções e as hormonas estão ao rubro, não é?

 

O Transtorno de Personalidade é, em suma e de forma resumida, um transtorno mental caracterizado por um padrão de relacionamentos instáveis, uma visão distorcida de si mesmo, e reacções emocionais intensas, muitas vezes desproporcionais ao acontecimento que as despoletou. Quem sofre deste transtorno experiencia, também, com frequência, sentimentos de vazio, medo intenso de abandono e/ou rejeição, real ou imaginado, e dissociação com a realidade. Podem ter comportamentos impulsivos e auto-destrutivos, como o consumo de alcool ou drogas, perturbações do foro alimentar, auto-mutilação, ou colocarem-se em situações de perigo de forma consciente.

 

No que toca às relações interpessoais, elas variam entre a idealização e a completa desvalorização da outra pessoa - seja familiar, amigo, namorado/a, colega de trabalho, etc -, alternando entre ter a pessoa em alta consideração, sentindo uma alegria e gratidão extremas, e um extremo desapontamento e tristeza que pode advir de pequenas coisas, como um comentário, uma crítica, ou uma não atenção. Este aspecto entre a admiração e o amor, e a raiva e a desilusão é chamado de "splitting". Há, por isso, uma instabilidade afectiva e uma desregulação emocional que não é controlável, onde o humor varia de um extremo ao outro, por vezes, em poucas horas, é sentido de forma intensa e com uma duração maior do que é habitual.

 

O estigma desta doença vem pelo facto de, muitas vezes, as pessoas com personalidade borderline serem descritas como manipuladoras, agressivas e um perigo para si próprias e para os outros. Por ser uma doença tão desconhecida, faz com que as pessoas não saibam como reagir, ou que assumam o pior daquela pessoa, por todos estes traços apontados, como se nós fossemos criadores de todo o caos e crises nas vidas daqueles de quem gostamos. Quando isso não é verdade.

 

Uma vez li uma psicóloga descrever que a vida de alguém que é borderline é semelhante à vida de alguém que anda por aí com queimaduras de 3º grau na pele. Porque sentimos tudo de forma muito intensa e, por isso, conseguimos ter um enorme sentimento de empatia em relação ao sofrimento dos outros. Conseguimos facilmente colocarmo-nos na situação do outro, entender e partilhar da sua dor, da sua alegria, das suas dúvidas, dos seus sucessos. Nós sentimos tudo, mas 10 vezes mais e durante mais tempo. E mais facilmente nos agredimos a nós próprios, seja de que maneira for, do que agredimos outra pessoa. E tudo dói. Sempre. Umas vezes mais, outras vezes menos. Às vezes suportamos isso melhor, outras pior, outras vezes não conseguimos suportar, de todo.

 

Mas de onde vem tudo isso? Não se sabe bem, é um assunto complexo e não tem reunido muito consenso. Pode haver factores genéticos; anomalias no cérebro nas regiões que regulam as emoções e a resposta ao stress; de desenvolvimento, relacionados com traumas; entre outros. Por isso, ainda não se sabe bem quais são as causas, mas podem, inclusive, ser o conjunto de todos estes factores.

 

Acho que tinha mais para dizer, mas agora não me ocorre mais nada. Isto é um post mais informativo do que pessoal, mas acaba por espelhar a minha experiência pessoal também. Aquela imagem dos 9 sintomas clássicos de personalidade borderline é bastante elucidativa e eu tenho-os todos. Agora imaginem-se a viver assim 24h por dia, 7 dias por semana, durante anos. Sem pausas para café. Não é sempre negro, não estamos sempre no fundo no poço. Temos, aliás, dias bem bons e momentos muito felizes! Mas quando bate... bate forte. E é preciso força redobrada para sairmos do chão e ir à luta outra vez.

Mas cá estamos.

 

Cá estamos.

06 de Janeiro, 2020

Quando as férias são para trabalhar

D.M.

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Fonte: PhDComics

Pois que estou de vacances! Durante as próximas duas semanas não vou pôr os pés na faculdade. Aliás, já há muito que quero distância dela, mas como estudo e trabalho lá é um bocado difícil... Mas agora que tenho duas semanas de descanso o que mais quero é manter-me afastada de lá - do ambiente, das pessoas, de tudo.

 

Por isso fico em casa... a trabalhar! Mas para a tese, claro. Porque vida de doutorando é assim: tirar férias do trabalho para ficar a trabalhar na tese. Só que já estou praticamente com a tese terminada, então vai ser um trabalho mais leve, com tempo para ler, ver séries e filmes, passear, dormir até tarde... Habituava-me facilmente a esta vida! 

 

Ando desgastada, quero mudar de ares, de emprego, de pessoas, porque dali não retiro nada e porque os meus dias ali estão contados - quero mesmo trabalhar noutro sítio, ali o clima está insuportável e as coisas vão piorar para o meu lado. Por isso, vou desfrutar ao máximo destas duas semanas, quiçá aproveitar para procurar trabalho e depois logo se vê.

 

Por enquanto, estou de férias!